AND Hap: “Que(m) sabe de que(m) sou feita”

Programa de Práticas Colaborativas | Mostras 'AND Hap'

Que(m) sabe de que(m) sou feita

Partilha Pública | Bete Esteves

Trust Collective, Barril de Alva, Arganil

As mostras AND Hap constituem zonas temporárias de encontro que abrem periodicamente o Espaço AND Lab ao exterior, convidando o público como cúmplice e participante em situações singulares de partilha do que anda a decorrer por aqui nos planos da criação e da pesquisa. Os AND Hap ativam-se diversas vezes por ano, abrigando, sob a forma do happening, diferentes tipos de acontecimentos, que vão de ensaios abertos e mostras de processo das residências acolhidas no Espaço a propostas tais como intervenções e performances, palestras e conferências, tertúlias e festas etc. Além disso, também acionamos a interface AND Hap para a partilha periódica dos nossos artefatos emergentes e para marcar os inícios e desfechos de cada temporada da nossa programação.

O projeto “Que(m) sabe de que(m) sou feita”, da artista visual Bete Esteves (BR), foi iniciado em 2023, em residência na Trust Collective e no Espaço AND Lab, com acompanhamento singularizado e aplicação direta do MO_AND por Fernanda Eugenio, no âmbito do programa Crafting.

Como culminância de dois anos de acompanhamento longitudinal com Fernanda Eugenio, entre setembro e outubro de 2025, a artista volta a Portugal para realizar uma nova etapa do projeto, em diálogo com a ferramenta-conceito AND da Re-membração – gesto que é, ao mesmo tempo, rememoração e re-membramento. Nesta fase, a artista percorre cidades do norte de Portugal, traçando a rota Porto – Ovar – Grada – Viseu – Fafe – Gaia. Carregando “dadinhos” de cerâmica imantados, Bete visita imóveis previamente mapeados para propor uma troca de dados: em cada cidade, tentará estabelecer uma conversa com a pessoa desconhecida que lhe abrir a porta. Cada participante, em cada uma das cidades, escolhe um dos seis cubos e o lança sobre um tabuleiro marcado por temas  atravessados por ecos de ancestralidade e da história da arte:  autorretrato, guerra, sexo, religião, morte e vida. O lance define o assunto a ser desvelado, orientando a conversa e selando a troca simbólica.

Paralelamente, a artista realiza, em cada paragem da viagem, um gesto de desenterro, recolhendo pedras de calçada destinadas a compor um novo desenho de terço expandido. Assim, o percurso desdobra-se como jogo, ritual e reconciliação: lançar, trocar, desenganar e reterritorializar memórias.

No final da rota, com duração de um mês, a artista volta à Trust Collective para uma residência de processamento da matéria emergente, entre 20 e 27 e outubro de 2025, novamente com acompanhamento de Fernanda Eugenio, ao abrigo do programa Crafting do AND Lab. 

A experiência será partilhada com o público numa sessão aberta.

A atividade é gratuita, sem necessidade de inscrição mas sujeita à lotação do espaço.

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Bete Esteves vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutora em Linguagens Visuais pela UFRJ desde 2018 onde também se graduou como mestre em 2009/2011. Formada em Programação Visual pela PUC/RJ (1986), a artista, impregnada pelo conceito de grupalidade, realiza projetos artísticos instalativos transdisciplinares com mecanismos, objetos, fotografia, desenhos e videos. Lida com questões vinculadas a ambiência em espaços expositivos. Ao realizar ocupações artísticas em lugares não convencionais, explora situações vão além das relações já mapeadas entre arte e espectador. Enquanto se movimenta, numa realidade com a qual se embaralha, aciona uma atmosfera e o que se percebe é que a artista vai escapando das normas sem, no entanto, deixar de questioná-las. Ao se imiscuir com vidas e coisas que habitam os "laboratórios ambientais" que encontra, bete expande as formas de relações que estabelece com o ambiente, gera intimidade com outros mundos e outros modos de existências.