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[sobre a Escola]

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APRESENTAÇÃO


Escola do Reparar Ed#4-2023

novas ferramentas-conceito da filosofia habitada do Modo Operativo AND


A Escola do Reparar é um programa anual continuado de investigação-criação expandida e formação artístico-política, que abriga quatro interfaces de encontro e se desenrola no eixo Portugal-Brasil.


Apoiada na criação sempre em processo de Fernanda Eugenio com o Modo Operativo AND, em colaboração com a rede multilocalizada de artistas do Coletivo AND e com diferentes artistas convidades a cada vez, a Escola do Reparar toma, a partir da constelação prático-teórica do MO_AND, uma questão-tema por ano como mote para a criação de novos dispositivos performativos de encontro, proposições vivenciais, jogos e ferramentas de composição-criação coletiva, adotando a estrutura duracional da viagem para convidar à habitação e à persistência no trabalho íntimo-político da trans-forma-ação.


As suas quatro linhas de atividades estão desenhadas de modo a propiciar às pessoas participantes um percurso gradual e amparado de navegação na questão-tema do ano.


Começamos sempre pelo hANDling, oficinas de partilha do MO_AND e práticas afins (março a junho; setembro a novembro, em Lisboa e diferentes cidades do Brasil a cada ano), dedicado a oferecer as bases de sustentação da jornada anual, através da introdução e do desdobramento das ferramentas-conceito e princípios centrais do Modo Operativo AND, aliado a práticas corporais do Coletivo AND.


A seguir, entramos nos Estudos Indóceis, grupo de estudos praticados e experimentais (maio - Portugal e outubro - Brasil), dedicado a partilhar a filosofia habitada à volta dos conceitos em foco a cada ano.


Chegamos então ao LANDscape, curso-retiro imersivo (julho - Portugal e janeiro - Brasil), construído sob a forma de jornada-ritual de trans-forma-ação, na qual o Modo Operativo AND se multiplica num conjunto de proposições político-afetivas encarnadas mais complexas, que convocam diferentes modulações de jogo da constelação AND lado a lado a peças-rituais especialmente criadas, a cada vez, para propiciar a experiência sensível e vivencial da questão-tema. Esta atividade é, ao mesmo tempo, fim e começo: uma culminância da jornada de cada ano, todos os meses de julho, que, ao se repetir em janeiro, opera também a pré-paração para o ano seguinte, e para uma nova questão-tema prestes a emergir.

Toda a viagem é assistida e nutrida pelo [under]stANDing, programa de investigação continuada e de criação de artefatos por Fernanda Eugenio em colaboração com o Coletivo AND. O stANDing é a escola sendo gestada enquanto acontece e perpassa todo o ano em duas temporadas (fevereiro-julho e setembro-janeiro), compostas por trabalho presencial no Atelier AND Lab em Lisboa, encontros online e pelas Residências de Criação LAND, se abrindo ao exterior através de sessões de partilha e mostra informal de processos algumas vezes por ano.


Cabe ainda ressaltar que, embora hANDling, Estudos Indóceis e LANDscape se constituam enquanto atividades encadeadas, estão articuladas de modo a também permitir o ingresso de novas pessoas participantes a qualquer momento da viagem, que venham a acessar a experiência de modo avulso e pontual.


A Escola do Reparar propõe habitar o 'entre' enquanto intervalo de potência, instaurando-se no seio dos cruzamentos arte-vida e estruturando-se de forma espraiada e multilocalizada, no trânsito entre Portugal e Brasil, entre o urbano e o rural e entre o presencial e o virtual, num compromisso em conjugar uma consistente deslocação subjetiva e sensível com o descentramento geográfico e a propagação digital. Reivindica-se, assim, enquanto campo de amparo para o encanto, enquanto campo seguro para o risco: firmado no cuidado e focado em (re)ativar a relação atenta com a Terra-Soma e, ao mesmo tempo, em infiltrar e sustentar um modo comunitário no quotidiano urbano e digital.


A Escola do Reparar oferece anualmente um mínimo de 25% de vagas sob a forma de bolsas integrais com perfil interseccional, para pessoas vulnerabilizadas por intersecções de classe, raça, gênero, deficiência, orientação sexual, corporalidades dissidentes, migração e/ou origem étnica.


As atividades da Escola do Reparar em Portugal são bilíngues (português e inglês) e têm tradução em Língua Gestual Portuguesa sempre que necessário. As instalações do Atelier AND Lab em Lisboa são acessíveis para pessoas em cadeiras de roda ou canadianas/muletas.

CALENDÁRIO DE ATIVIDADES


(clicar nas imagens para ver detalhes separadamente, em outra janela)

understANDing


Investigação-Criação com o MO_AND
Módulo-Residência de Criação

A Linha-interface understANDing conforma um plano contínuo de pesquisa e criação com o Modo Operativo AND, no qual a metodologia dobra-se sobre si própria, a partir de uma questão-tema a cada ano, mantendo-se assim enquanto organismo vivo em constante (re)formulação. O nome understANDing aponta para um modo de investigar-criar que desvia da interpretose e da representação, comprometendo-se com a experiência direta, a sustentação do não-saber e a sintonização com sabedorias encarnadas, aquém-além da ilusão humana do ponto de vista.


hANDling


Formação no MO_AND
Módulo de Introdução & Desdobramento

A Linha-interface hANDling foca-se na dimensão (trans)formativa e de partilha do MO_AND enquanto ferramenta de mediação e composição. Oferece oficinas intensivas e extensivas de transmissão e prática da constelação de jogos e ferramentas-conceito do Modo Operativo AND. O nome hANDling convoca a mancha semântica do verbo 'to handle' para sinalizar um duplo compromisso: por um lado, com a ética do manuseamento, em contraponto à manipulação, que norteia o Modo Operativo AND; por outro, com a entrega/oferta das nossas ferramentas, criando situações de transmissão-partilha que favoreçam a sua incorporação pela via da frequentação,  da prática e do cultivo da autonomia e da singularidade de cada praticante.

LANDscape


Jornada Ritual com o MO_AND
Módulo de Aprofundamento/Vivência Imersiva

A Linha-interface LANDscape foca-se na dimensão de (auto)reparação individual e coletiva através da criação de vivências-rituais em modo retiro. Programa-paisagem construído sob a forma de jornada-ritual de trans-forma-ação, na qual o Modo Operativo AND se multiplica num conjunto de proposições somáticas e político-afetivas encarnadas mais complexas, os LANDscape convocam diferentes modulações de jogo da constelação AND, lado a lado a peças-rituais especialmente criadas, a cada vez, para propiciar a experiência sensível e vivencial da questão-tema.

MODALIDADES & INSCRIÇÕES

Participação Integral/Parcial no Percurso (Trans)Formativo do MO_AND
Participação como Artista Residente | Investigação-Criação com o MO_AND

  1. Ver o quadro de detalhes/valores das modalidades

  2. Clicar no botão da modalidade escilhida e preencher o formulário
  3. Efetuar o pagamento (se houver)

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QUESTÃO-TEMA


Re-pouso & Re-voo: Amparo, Encanto e Restauração

(Re)começamos sempre pelo Ninho, assim como também (re)começamos a cada vez que deixamos o ninho e nos tornamos Bando.


A Escola do Reparar 2023 convida a uma viagem prática e vivencial de reencontro com as experiências encarnadas do Ninho e do Bando, concretizações que emanam dos gestos-rituais do Re-pouso e do Re-voo, questão-tema da edição deste ano.


Dando continuidade à pesquisa do Amparo e do Encanto enquanto vias de resgate da experiência sensível da inseparabilidade, o Re-pouso e o Re-voo serão desdobrados numa jornada duracional, marcada por diferentes oficinas, laboratórios e cursos-retiros a se desenrolarem ao longo do ano, criando um campo seguro para pesquisarmos e experimentarmos, íntima e coletivamente, modos de operar a Restauração.


Persistindo na investigação de como Reparar (n)o Irreparável, que sustenta o Modo Operativo AND, propomos uma demora na Restauração enquanto uma das muitas modulações da reparação. A Restauração é  aqui convocada, ao mesmo tempo, enquanto descanso profundo e restauração das forças, na luta pela descontinuação do Irreparável sistémico, e enquanto re-historiação das formas de vida, permitindo re-formular, e, assim, re-orientar, os nossos modos de existir, relacionar e habitar, na direção do respeito e do honrar da Vida.


Acreditamos que sintonizar com a inseparabilidade ao nível do corpo-soma é imprescindível para dar sustentação a um posicionamento político consistente de desprogramação, no plano íntimo do cada-ume (e, por reverberação, no plano coletivo onde somos muites), das lógicas de Dívida e Dúvida que, consecutivamente, vem corrompendo a nossa relação com a Dádiva e reiterando as lógicas usurpatórias do Irreparável hegemónico e estrutural. O desamparo e o desencanto, sob a forma do cansaço e da confusão, por um lado, e da tristeza e da indiferença, por outro lado, configuram a sintomática da expropriação capitalística do sensível, e produzem a ilusão da separação característica das subjetividades contemporâneas, reiterando a perpetuação do saque Irreparável. 


Desmobilizar o Irreparável, assim, envolve re-membrar - lembrar que somos inseparáveis e, também, voltar a juntar o que foi separado, reparando (n)o acesso a uma sabedoria do (i)limite, muito mais vasta do que cada ume de nós: a sabedoria encarnada, implicada e intemporal do agregado Soma-Terra que nos conecta ao Fundo Comum da Vida.


Para enfrentar essa missão, que reencena a questão-chave do Modo Operativo AND - como matar o sistema (em nós) sem morrer? - é preciso estarmos restaurades. Com as forças refeitas, e com as formas amolecidas, porosas, reabertas - deformadas…


Assim, ao invés de responder, re-perguntamos:


Ante o Irreparável manifesto na ilusão da separação e no consequente afeto do esgotamento/desamparo e do embotamento/desencanto, COMO (SE AUTO)ANINHAR E (SE DE)BANDAR?


Chamamos um Estado de Re-pouso, no qual possamos re-orientar o desamparo em Amparo. Um estado, ao mesmo tempo, de des-canso (repouso) e de reencontro com o corpo-soma da Terra (re-pouso), no qual é possível voltar a chegar, aterrar e abrir caminho para uma regeneração urgente. Fazer Ninho para, assim, permitimo-nos ser (re)feites por ele, reconectando com o sustento, o envolvimento, o abrigo e o refúgio do Amparo, no qual torna-se possível reaprender a receber.


O ninho, onde re-pousamos em Amparo, é onde se pré-para (numa pausa-espera pelo nascimento, ou renascimento), onde se prepara (no gestar, esse gesto de construir o que virá) e, por vezes, também onde se repara (oferecendo campo seguro para o refazimento da vida através de deixar morrer aquilo que precisa morrer) De variadas maneiras, o ninho é onde a força do porvir re-pousa até tomar, outra vez, forma de Vida - se encantar e re-voar.


Então o ninho é também lugar da manifestação primeira do encanto: fulgor da vida-morte a irromper. Portal, no aqui-e-agora, para a beleza e a justeza de tudo que há.


Chamamos um estado de Re-voo, no qual possamos re-orientar o desencanto em Encanto. Um estado de des-ilusão radical, no qual, porque descolamos dos mecanismos da identificação e do entendimento, enfeitiçamos a maldição do ponto de vista individual que, desfeita, nos permite também decolar: entrar na revoada, retornar ao Bando. Na solidariedade infra e trans individual do bando, re-ligamos o acesso ao Encanto, passagem para a ordem implicada do Mistério, para o manancial (extra)ordinário dos possíveis da Vida, em constante re-generação e re-união, no qual torna-se possível reaprender a retribuir.


O Bando - que é também debandagem da solidão sistémica - é quando e onde experimentamos a fusão sem confusão, a integridade sem inteireza do existir em co(n)sentimento com o Tudo-Todo, ao mesmo tempo aquém e além do ume. É quando e onde incorporamos o re-conhecimento de inter-sermos (e infra-sermos, e trans-sermos), e experimentamos a (des)integração na pertença à imensidão do Fundo Comum da Vida. Fazer bando é fazer nada a não ser estar a serviço: em sintonia com o entorno mais imediato, nem mais rápido nem mais devagar, nem muito perto nem muito longe,  nem muito igual nem muito diferente, nem faltante nem em excesso, apenas e justo num estado que é porque é comum.


Fernanda Eugenio Lisboa, março de 2023

FICHA TÉCNICA


Direção: Fernanda Eugenio

Curadoria e Formulação: Fernanda Eugenio

Equipa Artística e Pedagógica: Fernanda Eugenio, Guto Macedo, Iacã Macerata, Manoela Rangel, Mariana Pimentel, Milene Duenha, Naiá Delion, Pat Bergantin, Ruan Rocha

Acompanhamento e Cuidado: Iacã Macerata e Ruan Rocha

Interlocuções Convidadas (LANDscape Barril de Alva): Ana Dinger, Bernardo Chatillon, Sílvia Pinto Coelho

Design e Plataforma Online: Alexandre Eugenio

Produção: Catarina Serrazina 

Produção local (Brasil): Núcleos AND Lab Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Palmas

Comunicação: Pat Bergantin

Documentação Audiovisual: Gabriela Jung e Inês T. Alves

Parcerias Portugal: Trust Collective, Plataforma Revólver 

Parcerias Brasil:: UnB, Galeria DeCurators, Centro de Dança do Distrito Federal, Casa Amarela/Fazendinha, Pés no Chão, Fundaci

Apoio: DGArtes - República Portuguesa

LINKS RELEVANTES


Sobre a Escola do Reparar

Sobre o Modo Operativo AND 

Site da Trust Collective

(parceira do AND Lab e sítio de acolhimento do retiro LANDscape)

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