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(Fazer Comum)

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Práticas do Coletivo AND

Foto: Amanda Morais

Fernanda Eugenio & Coletivo AND

Estas práticas podem integrar eventualmente a Programação do nosso Espaço, e algumas estão também abertas no nosso Calendário para pedidos de agendamento de sessões experimentais online.







PRÁTICAS DE CUIDADO

Fernanda Eugenio, Iacã Macerata, Ruan Rocha & colaborações de Mariana Ferreira


As Práticas de Cuidado consistem na investigação vivencial das aplicações do MO_AND na Clínica com a Subjetividade e, reciprocamente, na explicitação da dimensão de cuidado e do sentido clínico inerentes ao exercício do MO_AND. Desdobram-se a partir do interesse em investigar os efeitos de cuidado e de produção de subjetividade presentes nas práticas do MO AND, experimentando a potencial modulação da materialidade dos funcionamentos subjetivos, bem como performando uma abordagem sensível e situada da subjetividade enquanto corporeidade.


Posicionando-se na injunção entre a etnografia, a arte, os estudos da subjetividade, a psicologia, a saúde coletiva e a clínica psicanalítica, o MO_AND constitui-se como recurso conceitual e metodológico para a produção do cuidado. A partir da reciprocidade entre MO_AND e práticas de cuidado, buscamos conceber, formular e propor dispositivos de operação e produção coletiva do cuidado.


A possibilidade do uso clínico transversal das ferramentas do MO_AND forja uma noção de cuidado que faz desviar a noção de cura da sua habitual função de restabelecimento da ordem, ao ser capaz de (re)performar, a cada vez, a sintonização entre o si e o seu entorno, entre o próprio e o outro, entre o singular e o comum, entre o individual e o coletivo, entre o íntimo e o político. Além disso, desloca as práticas de cuidado da ação técnica do especialista - do saber formal anterior à relação, re-situando-as como ética implicada do e no comum, ou seja, como uma modulação das políticas de convivência. Tal noção de cuidado portanto engloba e inocula a cura como prática de curadoria, colocando em um mesmo plano de reciprocidade o contínuo e sempre situado manuseamento das formas coletivas do acontecimento e das forças infinitesimais do desejo.


Trata-se de uma rede de agenciamentos que (se) faz (n)um espaço relacional ou território de relação, constituído por três planos mutuamente implicados: o entre-si, uma relação de si para si, em cada vivente envolvide; o entre-nós, uma relação entre nós, viventes envolvides; e o entre-muites, uma relação entre viventes e artefatos, paisagens, elementos inumanos.


Tradicionalmente usadas para produzir sentido-significado, as práticas de cuidado são aqui re-generadas para produzir um sentido-direção de criação e de co-implicação, entre o cuidado de si e o cuidado do entorno geográfico, social e político. Na medida em que emergem como uma modulação do viver juntes, (re)performam de modo co-emergente o si e o entorno, concretizando-se enquanto política de reciprocidade na relação com o acontecimento: descentram a narrativa do sujeito que explica ou é explicado, permitindo uma transferência de protagonismo para o acontecimento. As Práticas de Cuidado, portanto, reposicionam o sujeito desde o plano do explicável para o plano do inexplicável, logo para o plano da implicação.


No âmbito do AND Lab, as Práticas de Cuidado são pesquisadas de diversas formas, subdividindo-se entre práticas regulares e duracionais com membres e praticantes assídues do MO_AND, e aquelas pesquisadas com participantes de atividades e proposições do AND Lab ao longo do ano. Actualmente estão em curso em 6 zonas de atuação:



1. Inter-reparagem (entre membres do AND Cuidado)

Reuniões-pesquisa entre membres do AND Cuidado que se dedicam a inventariar os efeitos analíticos e de reposicionamento subjetivo emergentes das práticas de cuidado com o MO_AND. Constitui-se numa rede alargada de suporte e testemunho, que cuida do cuidar, acompanha o acompanhar, assiste o assistir, frequentando afetos vividos longitudinalmente às atividades, oficinas, reuniões, cursos e workshops do AND Lab. Nesses encontros pesquisamos também a explicitação de um plano transversal, colocando em relevo as implicações e co-incidências entre o AND Cuidado e a constelação AND Lab, frequentando questões, possíveis formulações e proposições-intervenções in situ.



2. Inter-reparagem (com a Direção do AND_Lab)

Trata-se de uma pesquisa-proposição-intervenção junto à Direção do AND Lab em cujos encontros exercitamos coletivamente o Reparar (n)as múltiplas modulações entre o AND Lab, seus membros e membras, e as atividades que desenvolvem, frequentando temas informantes da sustentabilidade, planejamentos e sensibilidades estratégicas, e cuidados reparadores.



3. Encontros do Coletivo AND

Quinzenalmente pesquisamos os efeitos e intervenções de curadoria in situ no âmbito do Coletivo AND, acompanhando processos que envolvem os núcleos do AND Lab no Brasil e membres assídues do AND Lab.



4. Jogo-Escuta Individual

O Jogo-escuta individual é uma prática de pesquisa e tem se constituído simultaneamente como dispositivo de cuidado que adota o Modo Operativo AND como modulador da escuta, a partir do desdobramento de uma experiência de jogo. É voltado para praticantes regulares ou esporádicos do MO_AND, desde que tenham tido contato prévio com a metodologia. O Jogo-escuta se inspira na metodologia da entrevista cartográfica de modo a co-produzir em ato uma experiência sensível com base numa vivência de jogo. Adota o Reparar (n)a vivência, explorando o Quê, Como, Quando-Onde do vivido. O Jogo-escuta consiste num jogo de posição-com a matéria subjetiva mobilizada em jogo. Pode ser iniciado a qualquer momento por qualquer praticante do MO_AND.



5. Jogo-Conversa

O Jogo-Conversa se trata de um dispositivo de investigação vivencial que adota o Modo Operativo AND como modulador da Conversa, fazendo da mesma o plano de jogo. Resulta do desdobramento do plano do tabuleiro para o plano da conversa, sendo o seu limite não mais traçado fisicamente por uma fita, mas sentido pela tangibilidade da fala e da escuta. O Jogo-Conversa visa à pesquisa frequentada das diversas modulações do falar e do escutar, e como elas concorrem em ato na constituição da conversa como plano do viver juntes. No Jogo-Conversa, a fala se performa como tomada de posição, e o escutar, como Reparar, fazendo da conversa o plano do versar-com, o plano comum . Como prática de pesquisa, inscreve-se como dispositivo de cuidado em grupo e pode ser praticado junto das proposições do AND Lab, em cursos, oficinas, workshops e laboratórios.



6. Pesquisa interinstitucional com a Universidade Federal Fluminense – Rio de Ostras / Brasil

Pesquisa realizada entre o AND-Lab e o Departamento de Psicologia do Instituto de Humanidades e Saúde da Universidade Federal Fluminense, intitulada “A dimensão de cuidado do MO_AND: contribuições para uma clínica de território”, onde se investiga a experiência da prática do MO_AND a partir da abordagem enativa de Francisco Varela. A pesquisa busca validar a prática de jogo do MO_AND como prática de transformação, produtora de cuidado e de formação para o cuidado, circunscrevendo a relação entre o Modo Operativo e a experiência subjetiva.




A dimensão de cuidado do MO_AND - II Bienal Jogo e Educação 2020




MO_AND como Jogo de Competência Ética







Práticas de Re-mediação

Fernanda Eugenio, Manoela Rangel e Pat Bergantin


Constituem-se enquanto campo de investigação sensível de vias de (re)conexão entre práticas artístico-somáticas, uma espiritualidade politizada e uma política espiritualizada.


Enquanto gesto político de reconectar o que o pensamento dual inscreveu como separado, as Práticas de Re-mediação fazem-se práticas de en/incorporação da des-cisão, (a)firmando a ligação com outros campos e integrando os planos que o pensamento moderno cristalizou como 'natural' e 'sobrenatural'. Isto será o mesmo que lembrar sensivelmente que tudo que está fora está dentro, e vice-versa, num exercício de des-identificação radical e de transicionalidade do Eu.


Partindo dos recursos e ferramentas que compõem os jogos com o corpo-território do Modo Operativo AND, em especial das práticas de (auto)etnografia sensorial, ANDbodiment e Jogos de Comparência, as artistas propuseram-se a acompanhar-se reciprocamente 'movendo forças', de modo a investigar mais de perto manifestações da ordem do etéreo que vinham se tornando frequentes sempre que tais jogos eram ativados em workshops e labs do MO_AND.


Com o desejo de re-conhecer (conhecer de novo) o que (não) sabemos - este plano em que espiritualidade, natureza e ancestralidade formam um todo indiviso -, a pesquisa se ancorou na dupla valência da operação da re-mediação: re-mediar é voltar a juntar o que estava desligado e é, também, curar, dar jeito e/ou remédio. Esse duplo sentido comparece quando damos passagem a três desdobramentos contemporâneos ao acontecimento: o corpo que é atravessado (forma-imediata), o corpo que atravessa (força-afeto), e o corpo travessia (forma-força-canal). Em estado de travessia-atravessamento-atravessade, os eventuais pontos que pareciam estar desconectados podem se re-ligar e a cura da re-mediação, até então, tem se manifestado em também três modulações: a cura através do corte, a cura através do antídoto, e a cura através da dádiva.


Propondo pesquisar, em nossos próprios corpos-territórios, o espectro das frequências vibracionais que nos atravessa e constitui, as Práticas de Re-mediação interrogam, através da vivência, a possibilidade de sintonizarmos com a multidimensionalidade co-participativa da Vida, de dar passagem à sua manifestação, e de estarmos lá para ela, com uma capacidade ativa de senti-la, honrá-la e reconhecê-la.


As práticas são partilhadas, em sessões individuais ou coletivas, através da ativação de um circuito que vai das 'águas da terra' - o Lago, o Mar e o Rio - às 'águas do céu' - as Chuvas, convidando as pessoas participantes a experimentarem operar micro-gestos de re-mediação em seus próprios campos energéticos.


Três meios percorrem os exercícios: os meios de liberação - localizando e desbloqueando chaves de acesso para construir o corpo de travessia; os meios de canalização - exercitando-se enquanto canal transpessoal e constituindo campo para a aparição da questão a ser curada; e os meios de serviço - desobstruindo curas possíveis e disponibilizando caminhos para gestos de reparação que, através da concretização no ínfimo, possam, quem sabe, aos poucos reverberar mais vastamente.







Ancorar

Flora Mariah


Ancorar é uma prática de pesquisa do corpo focada em investigar mais especificamente a pelve, que vem sendo desenvolvida por Flora Mariah como um desdobramento do projeto RABA POWER, numa tentativa de organizar e aprofundar todo material levantado desde 2018. Nossas ancas carregam camadas e mais camadas de história, nossa e de nossos ancestrais que são passadas de geração em geração. É uma zona do corpo historicamente marginalizada, o que faz com que partilhemos encarnações de violências e silenciamentos. A aposta desta pesquisa é que, através de um trabalho focado na pelve, podemos acessar memórias, liberar tensões e traumas e nos reconectar com aquilo que nos dá suporte tanto mecânico, quanto emocional. Trabalhar nossa base e entender sua conexão estrutural com o corpo como um todo nos garante o suporte necessário para apoiar nossas escolhas, nossas direções e nossos desejos na vida. Mergulhar nesse mar e mover essas águas tão profundas é um movimento de resgate de si mesmo, mas não só, é também parte de um processo coletivo de cura e descolonização de nossas corpas. Um mergulho que exige coragem para tocar naquilo que dói, naquilo que nos foi escondido, ou silenciado, que não conhecemos e tememos, naquilo que não podemos controlar, e tampouco nomear. Mas é também com coragem que entendemos que no mesmo lugar onde encontramos nossa dor, encontramos também nossa força, pois é dentro da própria ferida que achamos a sabedoria para curá-la. Portanto, as práticas do ANCORAR são um convite a abrir novos espaços, ancorar potências e liberar tensões desnecessárias, resgatando o prazer em habitar nosso próprio corpo.






Foto/Photo: Biel Basile


Corpo Antena

Pat Bergantin


Corpo Antena é uma prática corporal que aborda o corpo enquanto um dispositivo de conexão, que tem a potência de captar, transmitir, transduzir, modular e sintonizar. Atuando no campo das micropercepções, aguça os sentidos para o que move (em) nosso corpo aqui-agora, reativando circuitos que antes pareciam bloqueados ou apagados. Descolar para deslocar. Frequentar frequências. Mover e ser movida com aquilo que está pedindo passagem, acolhendo a vibratilidade visível, invisível e imprevisível daquilo que nos move. Para ser canal, meio, mídia é preciso sintonizar a percepção de corpo-campo, reconhecendo que não existe atravessar sem ser atravessada e que essa travessia é um jogo de forças. A continuidade da prática encaminha para uma integração tanto de aspectos físicos, mentais e emocionais, quanto sociais, ancestrais e espirituais, e é indicada a qualquer pessoa que se interesse pela proposta, independente de sua experiência com dança.






Foto/Photo: Amanda Morais


Corpo Multidimensional

Guto Macedo


A proposta do Corpo Multidimensional é criar corpo no entrecruzamento do visível e do invisível, do dentro e do fora, do que toca e é tocado no soma (corpo de si), transpondo limites entre o perceptível e o imperceptível. Nessa abertura perceptiva, cada ume com suas próprias multi-imagens de corpo, tece devires, onde o tempo cruza o espaço, o passado ressoa no presente e novos esquemas somáticos emergem.







Dança Microscopicopolítica

Milene Duenha


Partindo da premissa de que as transformações na dimensão coletiva se referem a uma lógica recíproca de transformações que se dão nos corpos que a compõe, essa prática de ativação microscópica se volta ao cultivo das potencialidades sensíveis do corpo.  A partir reconhecimento de que não sabemos tudo o que pode um corpo e pela provocação de uma modulação da atenção às vibrações de existências microscópicas, busca-se o refinamento perceptivo para as emergências, como potência de vida, que se dão nas inter-ferências entre os corpos do ambiente. Essa prática é operada por uma ética das relações que envolve um redimensionamento da atenção para as velocidades e intensidades do menor e seus aspectos de ingovernabilidade.






Foto/Photo: Amanda Morais


Práticas de Ajuntamento

Mariana Pimentel


Práticas de Ajuntamento experimenta as poéticas do aglutinar-se. Ativa práticas de reciprocidade através da presença meditativa, de pequenas danças e do fluxo livre de movimento entre umes e outres. Reúne vivências que convocam o corpo coletivo e  expressão de sua presença nos diversos espaços e camadas que compõem a corporalidade.







Práticas de Sintonização e Inventário

Naiá Delion


As Práticas de Sintonização tomam como ponto de partida a relação entre corpo e gravidade e propõem dedicar tempo para o mapeamento dos apoios do corpo no chão, dos apoios no ar ou em outro corpo, em pausa ou em movimento. Trata-se de acessar tecidos ósseos, musculares, elásticos e pele para investigar a fractalidade e a multidirecionalidade do movimento, dispondo o corpo para relacionar-se com o imponderável. As Práticas do Inventário tomam como ponto de partida algo que foi vivido. O mapeamento dessa experiência vai se afinando de fora para dentro até poder novamente incluir a relação do corpo com o campo gravitacional. Através do convite a este inventário singularizado, a proposta é que se possa abrir espaço para uma apropriação das vivências que permita disponibilizá-las como ferramentas para a investigação de cada ume.







Práticas de Tra[d]ição

Manoela Rangel


Trair - A que sabe suspender o que sei sobre como me movo que caminhos percorro quem penso que sou ato voluntário de abrir fenda no tempo - Eu me desterritorio me desconheço sou movimento que toma formas cambiantes nômades - o que me move talvez seja um falso enigma - interessa o estado continuado de não saber a respeito do que sei de mim acompanhando o que deste sistema a que chamo Eu vai sendo feito - trair me e criar nova tradição trair me é criar outra tradição o que me move enquanto Eu descanso circuitos do sistema nervoso da rede de fáscias ser movida não mover >> o que se move através de mim e comigo quando algo em mim / me move - diminui o volume do que conheço de eu-agente >> aumenta o volume de agentes-outras [múltiplos de/em mim?] diminui o volume do desejo-objeto aumenta o volume da disponibilidade-desejo e assim des canso.

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